domingo, 24 de outubro de 2010

A chuva bate contra o vidro, é a única coisa real que sinto, mas já de nada serve. Já à anos que pensava nisto, já à anos que fantasiava este fim.
Numa tarde solitária, o céu chora e também choro eu, deixo que a minha ultima musica seja algo agradável, seja uma melodia tranquila, quem sabe se não vou viver com ela para todo o sempre. A gloriosa lâmina reluzente brilha na minha mão, é o fim perfeito. Últimos segundos, últimos pensamentos, ultimas lágrimas, últimos desabafos. Vou de “amo-te” a “odeio-te” quando penso eu momentos que vivi, vou de choros a sorrisos, de mãos dadas a estalos, de lágrimas de tristeza a lágrimas de alegria e nem assim encontro um motivo suficientemente forte para voltar atrás. Demasiadas recordações, demasiadas dores, demasiadas lágrimas. É o momento perfeito. Olho-a uma ultima vez e nem por segundos acho que me vou arrepender. Chegou a hora de acabar tudo, eu decido, eu mando, pela primeira vez tenho absoluto controlo sobre algo realmente importante na minha história de vida.
Aproximo-a do peito, metal, frio. Saber que tudo mudará, faz-me pensar, mas não há paciência para isso, para mim o fim baseava-se em enterrar uma ponta afiada de metal frio no peito e assim foi.
Vários segundos passaram até realmente parar de sentir, dores, muitas dores...
Últimos pensamentos: “tinha muito para viver”.

3 comentários:

  1. " Últimos pensamentos: “tinha muito para viver”. " - há sempre tanto para viver, para dizer, para fazer! é o que nos mantém aqui, em pé. Está óptimo, adoro mesmo!

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