quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Hoje? Bem, hoje foi um dia complicado, acordar é sempre difícil e então acordar a pensar que tenho que te olhar nos olhos torna o resto do dia numa tortura psicologicamente insuportável. O despertador, a coisa mais irritante já alguma vez inventada, toca e apenas se cala quando pressiono as teclas. Levanto-me pesadamente, melhor, arrasto-me ate à porta do quarto, são só precisos três passos em linha recta sem obstáculos, mas percorrer o curto caminho sem bater contra nada é impossível.  Entre vestir-me, abrir realmente os olhos e preparar-me, deixo o telemóvel vibrar em cima da cama, as mensagens sem significado, as mensagens correntes e as mensagens vindas de pessoas que nem gosto acumulam-se na caixa de entrada.  Não lhes ligo, metade das pessoas que me envia este tipo de mensagens não me conhece, não conhece os meus sentimentos, os meus gostos, o meu coração portanto não merecem nenhuma atenção ou carinho especial. Pronta para mais um dia cheio de gritos, dores de cabeça, dores de barriga, corridas, pensamentos deprimentes e risos sentidos. Atrasada, como sempre, corro ate à paragem onde já toda a gente me espera mas ninguém me conhece, nesta breve corrida percebo que a maquilhagem que pus para nada é necessária, não quero chamar atenções, não quero que olhem para mim, quero um tempo sozinha, mas… um pouco de maquilhagem nunca magoou ninguém. Entro no autocarro e entendo que a quantidade de pessoas para quem falo mas não conheço é brutal! Chego finalmente à escola e o vento frio corta-me a respiração logo a seguir de sair do autocarro. Durante a viagem de autocarro mais conversas são travadas, mais mensagens escritas, neste momento já algumas com muito sentimento porque nada é mais gratificante do que falar com uma pessoa que me conhece, entende e ama. Espero pelo assustador toque em frente ao portão, sinceramente não sei porquê, quem eu quero já à muito passou. Vou até à sala e chego, novamente atrasada para ouvir 90 minutos que histórias que para nada me servem. Nos primeiros 5 minutos de aula entendo que não há problema se não estiver atenta portanto abstraio-me, tal como faço com tudo e penso em ti e só em ti, não me sais da cabeça, invades-me o pensamento como se ele fosse teu e só teu! Demoro alguns minutos até perceber que realmente o meu pensamento te pertence, tu és tudo, tu controlas-me! Vejo então que já não me sinto confortável a pensar em ti, estou a ir longe demais e quando percebo isso a aula acaba. Mais aulas destas se seguem, mais horas seguidas a pensar em ti como se o mundo girasse à tua volta, talvez gire, talvez tu sejas o meu mundo. Os corredores, as memorias, os sorrisos, está tudo gravado no cheiro da escola, da minha pele, do meu cabelo. E quando penso que já não dá para ir mais longe, já não dá para me torturar mais em pensamento, aquela coisa bonitinha mas burra como uma porta passa e balança o cabelo, é ai que te olho nos olhos e vejo que não há melhor exemplo para ver uns olhos realmente brilharem, deliras com a ideia de a ter quando quem te merece está mesmo à tua frente, disposta e capaz de tudo por ti, mas, não entendes, é demasiado para o teu cérebro de rapaz. Toca, novamente, mais aulas a atormentar-me.
Terminam, por fim, as aulas, sem tirar o meu pensamento do teu, sorrio e sou feliz com uns amigos, amigos daqueles que estão sempre lá nos melhores e piores momentos, daquele tipo de amigos que queres guardar para sempre mas que tens a certeza que vais perder, tamanha é a sorte. Volto a apanhar o autocarro e percebo que conto pelos dedos a quantidade de pessoas que realmente se preocupa comigo, oh vida, vida…
Chego a casa, completamente exausta, sem paciência e com vontade de esmurrar tudo o que me aparece à frente, aquela coisa loira… no entanto tenho que esboçar um sorriso, afinal vou ter com a minha família. Preparo as coisas para o dia seguinte, mais uma sequência de pensamentos inoportunos. Janto com a minha família enquanto sinto o telemóvel vibrar na minha perna, tenho arranjar uma desculpa para sair da mesa, a mensagem pode ser tua, grande surpresa a minha quando me deparo com mais uma daquelas mensagens correntes, já não existem mensagens sentidas! A pior parte do dia, fecho-me no quarto e ponho musica, daquela que tem mesmo história, deito-me e fecho os olhos, é uma forma de pensar claramente, a minha forma. Mas os pensamentos e as musicas levam a tristezas e a lágrimas, recordo tudo e choro por saber que por mim nunca choras-te. Vou-me deitar, as dores de cabeça e os olhos inchados impedem-me de dormir, passo mais algumas horas a sofrer, a tentar saber o que fazer com a minha vida e por fim adormeço. O dia chega finalmente ao fim, como vês não dá para não pensar em ti. Adormeço a pensar que muitos mais dias como estes vou ter, NÃO QUERO, NÃO ACEITO!
Novamente, toca o despertador, levanto-me bato contra tudo e revivo em pensamento as experiencias do dia anterior.

Sem comentários:

Enviar um comentário