domingo, 24 de outubro de 2010

Olhas o céu negro, sabes que estás sozinho, sabes que queres, sabes que é o que mais desejas.
As estrelas não aparecem, o sol não brilha, sabes que queres, sabes que é o que mais desejas.
Rendes-te, olhas a neutra sala em que te encontras, levantas-te, o teu corpo arrasta-se pelo chão, respiras pesadamente, as pupilas dilatadas lembram os teus fantasmas da loucura que cometeste há poucas horas atrás… ali está, tal como a deixas-te, sabes que consegues, vai-te fazer sentir bem.
Pegas o seu braço, pegas a sua beleza e tocas-lhe, escolhes meticulosamente as cordas e limitas-te a ouvir a sua doce melodia, sabes que nada te faz sentir melhor, sabes que vai correr bem, sabes que é a única coisa segura na tua vida, a melodia das cordas a vibrarem entra-te no ouvido, percorre-te todo o corpo, inclinas levemente a cabeça para o lado e segues a música com o pé tal como costumavas fazer antes de entrar nesta foça.
Agora os teus fantasmas não te censuram, dançam ao som da espantosa melodia, dançam ao som das cordas do maravilhoso instrumento que carregas, agora eles sabem que ainda há esperança, sabem que ainda há vida para alem das loucuras e das lágrimas de solidão, sabem que ainda há alma nos olhos que contemplam as frias noites sem estrelas.

1 comentário: